quarta-feira, 11 de setembro de 2013

"Monstro da Bernardo Vieira" é condenado a 19 anos de prisão

O mecânico Wagner Gomes de Lima, de 36 anos, foi condenado a 19 anos e quatro meses de prisão em regime fechado, pelo homicídio contra Lúcia Maria Wanderley Montenegro, 56, e pela tentativa contra Ruthenio Antônio Wanderley Montenegro, 26, filho dela. O júri aconteceu ontem, no Fórum Miguel Seabra Fagundes e durou pouco mais de sete horas.

O defensor público que representou o mecânico, Geraldo Gonzaga, apelou da decisão e a juíza Eliana Marinho, da 1ª Vara Criminal, o concedeu 10 dias para que recorra da sentença. “Respeito a decisão do júri, mas discordo”, explicou Gonzaga, sob a justificativa de que as qualificadoras atribuídas ao crimes de Wagner lhes soaram injustas.

O acusado retornou ao Presídio Estadual de Parnamirim (PEP), onde já estava preso, porém deve ser encaminhado à Penitenciária Estadual de Alcaçuz depois que o processo transitar em julgado. Os crimes ocorreram em 7 de janeiro deste ano, no bairro das Quintas, avenida Bernardo Vieira. Wagner Gomes atacou mãe e filho depois de colidir com um veículo que seguia atrás deles.

Os sete homens que compuseram o júri popular enquadraram Wagner Gomes de Lima nas duas qualificadoras sugeridas pelo Ministério Público. Para a tentativa de homicídio contra Ruthenio Montenegro, o agravante ao crime foi a traição. O fato de o acusado não oferecer chance de defesa. “Ele saiu do campo de visão da vítima no momento do acidente e depois a atacou quando estava ao celular”, explicou o promotor Augusto Azevedo, responsável pela acusação.

Para o assassinato d a mãe do jovem, Lúcia Maria, a qualificadora foi o fato de Wagner assegurar a execução de um crime através da prática de outro. Ou seja, ele matou a dona de casa para continuar atacando o filho dela. Pela tentativa, ele foi condenado a nove anos e oito meses, e pelo o homicídio 14 anos e seis meses. “Então, foi aplicado o concurso formal, previsto no artigo 70 do Código Penal, chegando à pena final de 19 anos e quatro meses de reclusão”, esclareceu a magistrada Eliana Marinho. Isso quer dizer que, em virtude de o réu ter cometido dois crimes numa mesma ação, a juíza escolheu a maior pena, no caso a de 14 anos e seis meses, e acresceu um terço desta para obter a punição a ser cumprida.

Para o presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos, Marcos Dionísio, é preciso que os demais crimes que vão a júri popular tenham mais rapidez no andamento. “Aconteceu em janeiro e já temos a sentença. Deve ser sempre assim, para que o Estado não se torne a terra da impunidade”, destacou Marcos Dionísio.

Defesa

O defensor Público Geraldo Gonzaga argumentou ontem para os jurados que Wagner Gomes estava privado dos sentidos no momento em que cometeu os crimes. De acordo com a tese do defensor, o mecânico estava imbuído do sentimento de ciúme que nutria pela ex-companheira e por isso teria atacado Ruthênio. “Ele estava cego”, disse. Entretanto, a acusação, através do promotor Augusto Azevedo, afirmou que o fato de ele perseguir o veículo em que supostamente estava a ex-namorada e sair de seu próprio automóvel munido de uma faca peixeira em direção ao carro desconstrói essa tese. 

Wagner Gomes disse em depoimento que seguia a tal mulher desde Extremoz, onde ela mora, para cobrar um dinheiro que o devia. Algumas vezes ele se mostrou confuso. A ex-companheira do mecânico também prestou depoimento à polícia, durante as investigações. Consta nos autos do processo que Wagner perdeu de vista o carro em que ela estava com o namorado, nas imediações da avenida Tomaz Landim.

O caso

No dia 7 de janeiro deste ano, um veículo do tipo Chevette, de cor branca, bateu levemente na traseira de um Fiat Palio que desencadeou um choque em cadeia com um Ford Fiesta. O fato aconteceu por volta das 20h30, nas imediações do Vale do Pará, no sentido zona Sul da avenida, no bairro das Quintas, zona Oeste. 

Após o acidente, o motorista do Chevette, Wagner Gomes, que tentava se evadir do local através de uma brecha que encontrou na faixa exclusiva para ônibus, retornou para agredir os motoristas envolvidos no acidente armado com uma faca peixeira. Ruthenio Montenegro estava observando os danos causados ao seu veículo e ligava para a polícia para a apuração do acidente quando foi surpreendido com sete golpes de faca na região dos braços, costas, abdômen e pescoço. A mãe do jovem, Lúcia Maria, estava dentro do carro e correu para acudir o filho. Acabou sendo esfaqueada abaixo do peito e morreu poucos minutos após ter sofrido o golpe.

Tribuna do Norte
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