sexta-feira, 13 de maio de 2011

QUALIDADE DUVIDOSA NA SEGURANÇA DE NOVA CRUZ


Praças denunciam insuficiência de efetivo, falta de alimentação, condições precárias e desvio de função

O Agreste potiguar retratado como uma região onde criminosos haveriam tomado conta. E Nova Cruz, cidade onde os policiais militares estariam sendo vítimas de ingestão, o que ocasionaria não somente o comprometimento do policiamento, como pondo em risco a vida deles. Estas são as denúncias da Associação de Praças da Polícia Militar da Região Agreste (ASSPRA), que forneceu ao "Jornal de Hoje" um relatório apresentando os problemas pelos quais os PM's estariam passando.

O comandante do 8º BPM/RN, major Gaspar Linhares, negou pontos apresentados pela entidade e garantiu que o policiamento tem sido feito dentro das possibilidades, e que Nova Cruz é uma das cidades com melhor guarnecimento militar do Estado.

Número de policiais é insuficiente

Dentre os itens elencados pela ASSPRA, o número insuficiente de efetivo na região Agreste potiguar será um dos maiores problemas enfrentados pelos praças. Segundo um representante da Associação, há noites em que apenas dois PM'S ficam responsáveis pelo patrulhamento na viatura da cidade, sendo grande parte dos policiais lotados no 8º BPM destacados para fazer a guarnição da Cadeia Pública de Nova Cruz, localizada há mais de 10 km do centro. Também é exposto que grande parte da unidade fica à disposição do Grupo Tático Operacional (GTO), cuja responsabilidade é fazer a segurança da área bancária até às 14 horas, seguindo depois disso para o Nominando Gomes da Silva.

O comandante do 8º BPM nega que fique um número tão reduzido na cidade, sendo o efetivo de quatro homens na área urbana e o mesmo quantitativo na guarnição da Cadeia. "O efetivo que temos possibilita, inclusive, que nós possamos dar apoio às cidades próximas que não possuem o mesmo aparato", garante, adicionando que 25 homens por dia são destinados ao serviço operacional naquela região, sendo ainda disponibilizados cerca de 13 homens para o apoio a unidade prisional. "O problema é que algumas pessoas gostam de fazer terrorismo ao invés de ajudar ou buscar saber o que realmente tem acontecido".

De acordo com o major Linhares, Nova Cruz é um dos municípios que possui a melhor estrutura de policiamento no RN. "Se a gente for pegar os índices de criminalidade de Nova Cruz em relação às outras cidades vai ver que é pequeno".

Batalhão funciona como carceragem

Ainda relacionando as questões apontadas pela Associação, a presença de presos dentro do Batalhão Regional tem causado constrangimento e levado ao desvio de função dos policiais, os quais desempenham uma atividade que deveria ser de agentes penitenciários. "É uma bomba relógio, pois os policiais não são agentes penitenciários e lá dentro tem armas e drogas. No ano passado, no dia das eleições, vimos o que pode acontecer: um preso matou outro com uma faca e a guarnição de serviço teve que atirar no mesmo ou ele teria ferido os policiais", relembrou um policial. O comandante do Batalhão confirma a permanência dos presos e informa que há muito tempo a situação se arrasta, a ponto de chegarem hoje a uma lotação carcerária de 55 homens, entre aqueles que estão no regime semi-aberto e fechado. "Essa é uma situação horrível para o policial militar que acaba tendo que fugir da função, da atividade-fim que é o policiamento ostensivo para fazer carceragem. O Conselho Nacional de Justiça, o Ministério Público e a Secretaria de Justiça já estão cientes disso e estamos esperando uma resolução".

Péssimas condições de trabalho

Dando continuidade ao que fora apresentado, a Associação de Praças afirma que o único posto que ainda funciona está na saída de Passa-e-Fica e Santo Antônio, e as condições estruturais seriam precárias para os policiais, faltando água para consumo e a comunicação sendo feita apenas por um orelhão. A existência de apenas um policial neste posto estaria afetando a função da base de fiscalizar a entrada e saída de veículos da cidade, além de constituir um risco para o PM que lá estiver cumprindo serviço.

O comandante do 8º BPM justificou que somente uma das bases está sendo utilizada devido o efetivo que atualmente não permite que as outras duas sejam ocupadas. O Agreste conta com 560 policiais militares e, somente em Nova Cruz, estão lotados 130, informou a autoridade policial. Ainda sobre a defasagem do número de militares, o major explicou que as maiores prejudicadas tem sido as cidades vizinhas, à exemplo de Montanhas e Monte das Gameleiras. "O policial às vezes não quer ir para uma cidade mais afastada e acaba ficando difícil para concentrar um efetivo. A gente acaba montando uma equipe boa para um destacamento, por exemplo, mas com o tempo acaba ocorrendo uma evasão".

No que tange à infraestrutura, ele admitiu que não é uma das melhores, graças à deterioração ocasionada pelo tempo. "Estamos num período de intensas chuvas, e isso acaba degredando a estrutura. Mas quando essa época passar, iremos pintar, fazer melhorias". A casa dos jogos de bicho também estariam se proliferando na cidade, consoante denúncias apresentadas. Ao ser questionado sobre o assunto, o major PM Linhares respondeu que este trabalho de coibir a prática acaba sendo mais da seara da Polícia Civil, reconhece que já ouviu falar do problema, mas nada contundente o suficiente para que houvesse intervenção da PM. "Sei que o secretário [de segurança] vai promover uma operação para combater o jogo do bicho", fala ele fazendo menção a recomendação do Promotor de Investigação Criminal, Wendell Bethoven, para que as polícias tanto Civil, quanto Militar, adotem medidas mais rigorosas.

Problemas na alimentação dos policiais

Mais um problema que os policiais daquela região estariam enfrentando, seria com a alimentação. Um membro da ASSPRA contou que no município de Baía Formosa PM's estariam contando com a colaboração de comerciantes para poder obter comida. "Isso a gente sabe que não é certo porque ninguém vai dar essa alimentação de graça, sempre tem um interesse", avaliou a fonte. Em Tangará, a situação também não seria das melhores, haja vista alguns agentes do policiamento ostensivo estarem fazendo trabalho de segurança privada em alguns prédios, para que a comida seja conseguida. "Agora a gente sabe como é: se o policial falar sobre isso é transferido. Você tem que passar fome ou tirar do próprio bolso e não pode reclamar". Na outra ponta, Linhares afasta a possibilidade disso acontecer naquela região, e afirmou veementemente que em todas as unidades a alimentação está sendo fornecida a contento, havendo inclusive uma dieta variada. "Posso garantir que nem todo policial come em casa o que nós servimos". Ele salientou que comumente durante o período de transição governamental, há problemas com fornecedores devido à especulação sobre quem ganhará as licitações, o que momentaneamente causa alguma dificuldade.

FONTE: Jornal de Hoje
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1 comentários :

Anônimo disse...

todo mundo sabe que em nenhum destacamento do 8°BPM recebem ou receberam alimentação por parte do BPM ou do governo do estado é publico e notorio que a alimentação é doada pelos prefeitos, comerciantes,e que quando não é atendido os pedidos dos prefeitos a alimentação é cortada chegando inclusive os policiais se alimentarem em hospitais ou do proprio bolso, ( agora se a verba ta vindo tem alguem imbolsando)

Rádio Guerreiros do RN

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