domingo, 2 de janeiro de 2011

Potiguar pioneira na Polícia Militar

Qualquer estereótipo de policial marrenta é logo dissolvido no sorriso contagiante da tenente-coronel, Margarida Brandão Fernandes de Araújo, 39 anos, que distribui simpatia pelos corredores da Companhia Independente de Prevenção ao Uso de Drogas (Cipred). Um exemplo da tendência feminina presente nos locais que há pouco tempo eram ocupados exclusivamente por homens. Ela, que mudou de patente no último sábado, entrou para a primeira turma de mulheres na Polícia do Rio Grande do Norte e hoje se destaca com o trabalho social que realiza coordenando o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd).

Ninguém melhor para resumí-la do que o marido orgulhoso, o coordenador do Cipred, Arthur Emílio Monteiro de Araújo, com quem é casada há 16 anos. "Ela é uma mulher impressionante". Também pudera. Alguém que gosta de cantar, dançar e se divertir, e ao mesmo tempo valoriza a disciplina, tem impressões curiosas para oferecer. Margarida Brandão tem uma família equilibrada. Conheceu o marido, um grande companheiro, na academia de polícia, em Maceió. Tem duas filhas que adoram participar dos eventos da polícia, Luisa de 13 anos, e Larissa, de 10.

Nascida em Natal em 1971, é filha do jornalista João Bosco Fernandes, que faleceu quando ela tinha 5 anos, e da professora Wilma Brandão. "Minha mãe foi uma grande incentivadora para que eu entrasse na polícia. Ela achava bonito e acompanhou de perto, desde a inscrição do concurso até o resultado final", contou Margarida Brandão, que é irmã de uma enfermeira e de um capitão da polícia de trânsito.

Sobre a infância no Tirol, ela lembrou o quanto a mãe gostava de manter os filhos ocupados. "Somos músicos, lutamos judô e falamos um pouquinho de inglês (risos)", destacou, indicando que toca piano e flauta. Questionada sobre algo interessante que remetesse à infância, ela lembrou dos projetos sociais que participou. "As Forças Armadas ofertavam colônias de férias, que também serviu de grande inspiração para eu estar na polícia militar. Todos os anos, no período de julho e dezembro, eu estava dentro dos quartéis, participando das brincadeiras". Ela mencionou o quanto o canto dos hinos e a organização dos eventos davam vontade de servir à pátria de alguma forma.

Margarida Brandão estudou na Escola Estadual Sebastião Fernandes e na Escola Estadual Manoel Dantas. Mais tarde, ela e os irmãos ganharam bolsa de estudo no Colégio Salesiano São José devido à prática de voleibol que eles também treinavam. Enquanto cursava o Ensino Médio, ela optou por fazer Magistério no Instituto de Educação Superior Presidente Kennedy (IFESP).

Apesar da boa desenvoltura nas artes, não se pode dizer que ela seja especialista na culinária. O que ela tem a ensinar sobre cozinha são os segredos do tempero do miojo, apenas. Já quando questionada sobre um lugar que gosta de frequentar na cidade, citou a Igreja do Galo, na Cidade Alta. "Apesar de ser evangélica, me sinto muito bem quando vou lá", respondeu. Ela também gosta de apreciar o pôr do sol no Forte dos Reis Magos, na Praia do Forte.

Carreira Militar é conciliada com educação

Assim que terminou os estudos, entre 1989 e 1990, Margarida Brandão prestou concurso para Professor do Estado e para a Polícia Militar. Passou nos dois, mas optou pela polícia. "Na verdade consegui assimilar as minhas duas vontades. Estou na polícia, mas também lido com educação", retratou ela que está prestes a fazer o último curso que consta na carreira da Polícia Militar, o Curso Superior de Polícia.

Ela fez parte da primeira turma de mulheres que ingressaram na Polícia Militar na época. A turma de 60 mulheres foi denominada "As pioneiras potiguares" Para ela, um começo difícil, mas com as barreiras logo superadas. "Desde que cheguei no Centro de Formação, observei que era um local muito rígido, mas consegui me adaptar rápido, já que estava acostumada com as regras em casa e nas colônias de férias", disse, acrescentando que a dificuldade era maior na aceitação da própria população. "Tivemos que mostrar ao povo que dava certo. Que, na verdade, a mulher veio para fazer a diferença e que era necessário isso acontecer".

Trabalho junto ao PROERD é reconhecido

A tenente-coronel já participou de várias atividades na polícia, entre comandos de companhias e a coordenação da equipe do RN que foi aos jogos do Panamericano, no Rio de Janeiro, em 2006.

O trabalho em que atua hoje é destaque pela interação que faz com a sociedade e pelos resultados positivos que vem conquistando no estado. O Proerd é um programa nacional que foi implantado no Rio Grande do Norte, em 2002, onde os PMs foram selecionados e capacitados para atuar exclusivamente na prevenção às drogas e à violência. No estado, o programa é uma das vertentes do Cipred, juntamente com a ronda escolar.

A então Major Margarida Brandão, foi convidada para coordenar o programa. De acordo com ela, o Rio Grande do Norte é representante do Norte e do Nordeste no trabalho de prevenção as drogas. "O diferencial que os profissionais estão fazendo é algo de muita honra. O RN é referência em capacitação, em divulgação e também na metodologia com que aplica as ações, através da dança, da música, entre outros". Atualmente, oprograma abrange 500 escolas do estado, entre públicas e privadas desde a Educação Infantil ao Ensino Fundamental II, atuando em 27 municípios com 112 profissionais envolvidos diagnosticando os problemas para depois implantar o programa.

FONTE: Diário de Natal
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