segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Policiais civis acusados de sequestrar filha de um PM no Ceará


A garota e outras duas pessoas teriam sido também torturadas. Os inspetores exigiam a quantia de R$ 50 mil
Objeto do crime: a viatura de prefixo 6073, do 6º DP (Messejana), teria sido usada pelos policiais para sequestrar a filha do PM, um garoto e o caseiro. Os inspetores fugiram
FOTOS: NAVAL SARMENTO
Dois policiais civis estão sendo investigados sob a acusação de praticar crime de extorsão mediante sequestro. Os dois servidores são lotados no 6ºDP (Messejana) e teriam usado a viatura da própria distrital para consumar o delito. Entre as vítimas do crime está a filha de um policial militar. Os inspetores estão foragidos, mas, segundo a própria instituição, poderão ser presos nas próximas horas e recolhidos na Delegacia de Capturas e Polinter (Decap).

Um dos policiais foi identificado como José Benedito Ribeiro Lopes. O outro não teve seu nome divulgado, mas, segundo testemunhas do caso, ele se identificou como inspetor Neto. No fim da noite de sexta-feira o caso foi registrado no plantão da Delegacia Metropolitana de Maracanaú. O superintendente da Polícia Civil, delegado Luiz Carlos de Araújo Dantas, esteve na unidade e acompanhou todo o procedimento.

Dinheiro

O caso teve início por volta de 15 horas de sexta-feira quando os inspetores seguiram na viatura caracterizada do 6º DP, uma Hilux adesivada, prefixo 6073, semelhante aos veículos do Ronda do Quarteirão, até a cidade de Horizonte, na Região Metropolitana de Fortaleza. Chegaram a um sítio onde os familiares do cabo PM Raimundo Nunes Fernandes (cabo Nunes) iriam passar o fim de semana. Sob o pretexto de realizarem buscas por drogas, os dois homens teriam sequestrado a filha do militar - uma adolescente que está grávida de três meses - além do caseiro do sítio e um sobrinho dele, um garoto de 17 anos. Outras pessoas estavam na residência e teriam presenciado as torturadas contra os três.

Em seguida, segundo a queixa apresentada pelas vítimas, os policiais levaram as três e passaram a exigir a quantia de R$ 50 mil para que fossem liberadas. As negociações, por telefone, duraram várias horas, até que, no começo da noite, Neto e Lopes concordaram em receber R$ 10 mil na hora e mais R$ 5 mil no dia seguinte. Então, marcaram o local onde o dinheiro deveria ser entregue, nas proximidades da Central de Abastecimento (Ceasa), no Município de Maracanaú. Meia hora depois, os policiais apareceram ainda na viatura. Atrás do carro da Polícia Civil havia um Corolla preto com outros homens.
Prestou queixa: o cabo PM Nunes, pai da adolescente sequestrada, relatou todo o caso na delegacia de Maracanaú
"Meu pai, junto com meus familiares, conseguiu R$ 10 mil. Eles (os acusados) ficaram com o meu celular para que pudessem receber os cinco mil (reais) no outro dia", contou a adolescente filha do PM em entrevista à TV Diário. Após entregar o dinheiro aos inspetores, o cabo Nunes teria seguido a viatura até o 6º DP e ali viu quando os policiais deixaram o carro oficial no pátio da distrital e embarcaram no Corolla.

Identificou

O supervisor do Policiamento da Capital, major PM Ricardo Moura, foi comunicado do fato e foi ao encontro do cabo. Segundo ele, a placa do veículo Corolla foi identificada.

Logo após ser ouvida no plantão da Delegacia Metropolitana de Maracanaú, a adolescente contou como os policiais civis agiram no sítio, em Horizonte. "Eles chegaram, abordaram todos nós, acusando que tinha drogas na casa. Cavaram tudo, quebraram tudo. O caseiro foi torturado. Eles colocaram um saco na cabeça. Um deles (um filho do caseiro) chegou a desmaiar, chorou bastante porque nunca pensou em passar uma humilhação dessa", disse a garota.

Apurar

As investigações em torno do fato deverão ser acompanhas pela Corregedoria Geral dos Órgãos da Segurança Pública. Segundo as primeiras informações, no momento em que saíram da delegacia, os policiais teriam comunicado - via rádio - à Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) que iriam fazer diligências em Horizonte à procura de drogas. Então, teriam ido ao sítio onde estavam os familiares do cabo PM porque o namorado da filha dele já tem antecedentes pro tráfico de drogas.

FERNANDO RIBEIROEDITOR DE POLÍCIA
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