Autor: *José de Almeida Borges
Esta é uma história real.
Sobrevivi pra contar,
Entenda como quiser
Mas não se apresse em julgar.
Sou apenas anteparo...
Dos problemas sociais,
Quando me chamam é porque
O mau, presente se faz.
Pixote era meliante
Vivia o crime a praticar,
Mik, fiel combatente
Sempre pronto a atuar.
Hoje posso afirmar
Com toda convicção,
Para o emergente Pixote
Não havia salvação.
Quem matou Pixote? Esta pergunta aparentemente ingênua e sem resposta plausível, era o que mais se ouvia das autoridades encarregadas de apontar os autores e as circunstâncias em que ocorreu o "Episódio Pixote", em Diadema.
Para quem não conhece ou nunca ouviu falar, Pixote era membro de uma família de classe pobre, denominada "metralha", o caçula de sete irmãos, sendo que três dos quais já havia tombado em confronto armado com a Polícia Militar; o quarto irmão e sobrevivente de outro confronto, no qual vitimou um policial, ainda se encontra preso, condenado por vários roubos e pela morte desse policial. Os demais irmãos sobreviventes, não tenho informação que fim tiveram.
O pseudônimo Pixote surgira de sua participação no filme de mesmo título, produzido pelo renomado cineasta e produtor cinematográfico Hector Babenco. Antes de qualquer participação em cinema, Pixote era simplesmente o adolescente F.R.S. Garoto endiabrado vivia praticando todo tipo de furto e roubo a residências e veículos, em Diadema e São Bernardo do Campo, sua área de atuação. A final, a escola para iniciação ao crime era a sua própria família. Sua tia sempre esteve ligada a contravenção do jogo do bicho, tendo essa atividade ilícita como principal ocupação e meio de sobrevivência, até os dias de hoje. Seus irmãos mais velhos e alguns primos já eram veteranos na arte de praticar o mau, constituindo assim uma verdadeira “família metralha”.
Dessa forma, não havia outro caminho a ser percorrido pelo pequeno Pixote. Por mais que tentasse outra saída honrosa, como o cinema, o meio em que vivia empurrava-o diretamente para o submundo do crime.
No permanente combate a criminalidade, o soldado Mik sempre cruzava o caminho dessa “família metralha”, deixando um ou outro tombado ou preso. O pequeno Pixote, ainda não demonstrava maldade em seu olhar de criança, sempre sorridente, como se não tivesse noção do perigo; o que demonstrava era coragem e habilidade no manuseio do “treis oitão” – gíria da época , referindo-se ao revolver cal.38, arma preferida da bandidagem, para confrontar a polícia. Assim, pouco a pouco, a família metralha assinava sua sentença, até chegar àquela fatídica tarde de 25 de agosto de 1987, quando a guarnição do soldado Mik foi enviada para averiguar uma solicitação de roubo a residência, que estaria ocorrendo nas imediações da rodovia dos imigrantes...
* José de Almeida Borges é 1º Sgt QPR PM da Polícia Militar de São Paulo.
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